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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

OS PATRULHEIROS DO FORRÓ

Um dos maiores jornalistas/blogueiros do nosso país fala sobre a trajetória da vida profissional do empresário Alex Padang. Confira.

Não é segredo para meus 469 leitores que o blogueiro/colunista não é chegado aos ritmos produzidos no Nordeste de uns tempos para cá. Não sou chegado ao que se proclama “forró universitário” e nem mesmo num “forró analfabeto”, se houver.

Minha praia sempre foi o rock ‘n’ roll, com prazerosos mergulhos no blues, na bossa nova, no jazz, na MPB e eventuais banhos de Sol no samba e nos cânticos de cordel. Encerrei a cota de forró com Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Elino Julião.

Mas não faço do meu gosto musical uma rima para intolerância intelectual. No terreno da música, quando estou incomodado, me retiro como manda a regra do bom senso. Sei dançar conforme a música, como respeitar opiniões conforme as diferenças.

Já se vão quase duas décadas que sou amigo de Alex Padang, este intrépido e abnegado empresário da indústria milionária do forró que domina há anos as rádios do Brasil e a preferência de jovens e adultos, pobres e ricos, americanos e abecedistas.

Nesse tempo todo, jamais ouvi os sucessos das suas bandas, em especial a maior e mais famosa “Cavaleiros do Forró”. Sequer converso sobre músicas e shows quando nos encontramos, preferindo sempre discutir um gosto comum que é o futebol.

Invariavelmente, tenho visto a forma preconceituosa como parte da mídia dita “engajada” e “intelectualizada” tem tratado o trabalho de Padang, que – diga-se – é respeitado em todas as regiões do Brasil. Competência gerencial impecável.

Qual é o problema se o produto do talento empresarial de Alex não bate no paladar dos redatores refinados, dos colunistas acadêmicos ou de blogueiros progressistas e quetais? Ora, todos reconhecem o valor de Roberto Marinho, mesmo pregando ódio à Globo.

As músicas do forró atual estão para mim como as caríssimas roupas dos desfiles das semanas fashions: não me apetecem em nada, mas tenho que ter a consciência do sucesso e dos valores de mercado. Não preciso consumi-los para saber disso.

Vejo na abordagem de alguns com o trabalho de Alex Padang os claros sinais de um patrulhamento ideológico presente em tantos setores da sociedade, cada dia mais contaminada pela intolerância dos que nutrem simpatias partidárias dissimuladas.

Imaginem se o filósofo Voltaire reaparecesse no meio das multidões que rebolam com a banda Cavaleiros do Forró...? Reeditaria seu famoso clichê: “Não concordo com uma única música, mas defenderei até a morte o vosso direito de cantá-las”.

O robusto lucro deste “workaholic dos eventos” deve ser respeitado da mesma maneira que se respeitam grandes empresários potiguares. Padang é um vitorioso como são tantos outros que conquistaram mercado com sonhos, erros, acertos e teimosia.

Não esqueço o dia em que ele, ainda com vinte e poucos anos, adentrou a sala de marketing do Diário de Natal me pedindo uma lista de músicas que falassem de “vermelho” e de “América”, para rodar um CD e vender nos jogos do América FC.

Era sua enésima tentativa de ganhar dinheiro, desde quando vendeu picolé na infância até a edição do efêmero jornalzinho “Padang” e do fracasso numa grande casa de show na BR 101. Me lembrou os Medeiros do Nordestão no velho mercado da Cidade Alta.

Como eles, Alex soube levantar dos tombos e iniciar uma nova luta, uma outra via de sobrevivência. Teve a antevisão do comportamento das novas gerações, assim como fez antes dele o quarteto de amigos da Destaque Promoções, diante do axé music.

Respeito Alex Padang e não gosto de forró. E isso basta para impedir que nossos gostos musicais exerçam alguma influência sobre o relacionamento entre o empresário e o jornalista. Vejo no seu trabalho a mesma dignidade de tantos outros por aí.

Jamais vi uma resenha criticar os empresários de Luan Santana, de Victor & Leo, do padre Fabio de Melo, e, no entanto, todos cantam canções que não batem no gosto da intelectualidade midiática. Há uma nesga de inveja e ciúme no sucesso de Padang?

Durante duas décadas produzi publicidade, usando as idéias para melhor atrair a atenção dos consumidores. Escrevi coisas boas sobre produtos ruins e vice-versa. Não há discrepâncias entre vender ilusões e ritmos. Na roda dos patrulheiros do forró eu não danço.



Um comentário:

kinha disse...

Sinceramete ,gostei de tudo que foi dito. Quase chorei depois de tudo que li.